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sábado, 10 de dezembro de 2011

domingo, 4 de dezembro de 2011

Cura Real

Não trate apenas os sintomas, tentando eliminá-los sem que a causa da enfermidade seja também extinta.
A cura real somente acontece do interior para o exterior ..... Sim, diga a seu médico que V. tem dor no peito, mas diga também que sua dor é dor de tristeza, é dor de angústia.

Conte a seu médico que V. tem azia, mas descubra o motivo pelo qual você, com seu gênio, aumenta a produção de ácidos no estômago.

Relate que V. tem diabetes, no entanto, não se esqueça de dizer também que não está encontrando mais doçura em sua vida e que está muito difícil suportar o peso de suas frustrações.

Mencione que V. sofre de enxaqueca, todavia confesse que padece com seu perfeccionismo, com a autocrítica, que é muito sensível à crítica alheia e demasiadamente ansioso.

Muitos querem se curar, mas poucos estão dispostos a neutralizar em si o ácido da calúnia, o veneno da inveja, o bacilo do pessimismo e o câncer do egoísmo. Não querem mudar de vida.

Procuram a cura de um câncer, mas se recusam a abrir mão de uma simples mágoa.

Pretendem conseguir a desobstrução das artérias coronárias, mas querem continuar com o peito fechado pelo rancor e pela agressividade.

Almejam a cura de problemas oculares, todavia não retiram dos olhos a venda do criticismo e da maledicência.

Pedem a solução para a depressão, entretanto, não abrem mão do orgulho ferido e do forte sentimento de decepção em relação a perdas experimentadas...

Suplicam auxílio para os problemas de tireóide, mas não cuidam de suas frustrações e de seus ressentimentos, não levantam a voz para expressarem suas legítimas necessidades.

Imploram a cura de um nódulo de mama, todavia, insistem em manter bloqueada a ternura e a afetividade por conta das feridas emocionais do passado.

Invocam a intercessão divina, porém permanecem surdos aos gritos de socorro que partem de pessoas muito próximas a si mesmos.

Deus nos fala através de mil modos; a enfermidade é um deles e, por certo, o principal recado que lhe está a chegar da sabedoria divina é que está faltando mais amor e harmonia em sua vida.

Toda cura é sempre uma autocura!
AutorDesconhecido.

Quando a boca cala.... o corpo fala!!!


Este alerta está colocado na porta de um espaço terapêutico.
O resfriado escorre quando o corpo não chora.
A dor de garganta entope quando não é possível comunicar as aflições.
O estômago arde quando as raivas não conseguem sair.
O diabetes invade quando a solidão dói.
O corpo engorda quando a insatisfação aperta.
A dor de cabeça deprime quando as duvidas aumentam.
O coração desiste quando o sentido da vida parece terminar.
A alergia aparece quando o perfeccionismo fica intolerável.
As unhas quebram quando as defesas ficam ameaçadas.
O peito aperta quando o orgulho escraviza.
A pressão sobe quando o medo aprisiona.
As neuroses paralisam quando a criança interna tiraniza.
A febre esquenta quando as defesas detonam as fronteiras da imunidade.
Preste atenção!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Começa Hoje - é gratuito!!!

Quem puder, não perca, eu vou tentar ir em algum dia, mas em todos infelizmente não posso, adoraria!!!

sábado, 22 de outubro de 2011

Conheça Efigenia, a Rainha do Papel



Conheci o trabalho desta Senhora no curso de Arteterapia, procurei pela internet e achei vários vídeos, resolvi compartilhar um deles.

Na sociedade do capital em que a produtividade é a essência, o velho não
encontra seu lugar. Fora do processo de trabalho o indivíduo se depara
com muitas horas vagas no seu dia, o que pode gerar um sentimento de
‘inutilidade’.
Sem cair no estereótipo do velho inútil, cansado e torpe, Efigênia recria sua
velhice dando-lhe um novo sentido através da criação. Um universo
fantástico, encantado, objetos feitos com “restos” da sociedade industrial,
performances, um falar cheio de rimas e bonecos são os elementos que
transmitem os ensinamentos desta velha senhora sobre o estado do
mundo, seus problemas ecológicos e o papel do homem acerca desse
processo.
Efigênia nos mostra que o que pode ser confundido com “loucura” é um
modo de ver e conhecer o mundo.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A outros caminhos ...



Será que realmente é preciso tomar este remédio? Hoje eu me pergunto isso pois dei para o meu filho dos 8 anos aos 14, pois ele foi diagnosticado com o TDAH , na época foi bom, ajudou bastante, mas até hoje me pergunto se não podia ter feito algum efeito colateral, dava o remédio com medo, juro!
Por isso mesmo que paramos , logo assim que a hiperatividade melhorou, pois depois de uma certa idade a hiperatividade dá uma acalmada viu!
Procurem mais de um profissional, e vejam a real necessidade, pois na época do meu filho ainda não havia esta moda  de hoje, veja o vídeo, ok!

sábado, 8 de outubro de 2011

Novidades saindo do forno pessoal...


Vejam que beleza, sou fã da autora, gostaria muito de poder estar presente, mas já que não posso, ao menos divulgo para quem possa ter esta alegria, clique no link e saboreie ....

plantando sonhos, colhendo horizontes...: O meu novo livro!!! Amor, Sexualidade, o Sagrado e...: É com muita alegria e muito prazer que convido vocês para o lançamento do meu novo livro, durante o Congresso Internacional de Arteterapia (...

domingo, 18 de setembro de 2011

PROPRIEDADES TERAPÊUTICAS DE ATIVIDADES E MATERIAIS EXPRESSIVOS EM ARTETERAPIA



O estudo detalhado do material é muito importante em Arteterapia. Cada um em particular, tem propriedades que mobilizam emoções e sentimentos de maneiras diversificadas a cada indivíduo. 
É necessário que o terapeuta analise o valor terapêutico do material para cada cliente, pois podem penetrar de maneira mais rápida e em particular nos conflitos internos e inconscientes do indivíduo.
 
1 Desenho 
Podem ser utilizados o giz de cera, pastel a óleo, pastel seco, lápis de cor, lápis de cor aquarelado, hidrocor, carvão e lápis grafite. Todos tem significado terapêuticos semelhantes. 
No desenho, a coordenação motora fina é bastante trabalhada, portanto o controle é essencial, não só o motor, mas principalmente o intelectual. A atenção, a concentração e o contato com a realidade são explorados. 
O desenho de cópia, enfoca a atenção na realidade exterior, e é indicado em pessoas que fantasiam, sonham, obrigando-as a perceber e reproduzir a realidade tal como ela é. A imensa dificuldade que encontram em reproduzir, não é só o medo de errar, é a própria dificuldade de dar direcionamento em sua vida. É indicado para pessoas dispersas, sonhadoras, confusas e adolescentes. 
No desenho livre, as pessoas entram em contato com sua realidade interna, deixando fluir conteúdos que estejam ao ponto de emergir. 
Nos desenhos dirigidos, aqueles feitos a partir de um tema que o Arteterapeuta escolhe, os indivíduos entram em contato com sua realidade, mobilizando emoções bloqueadas que precisam vir à tona. Indicados para pessoas deprimidas, com tônus vital rebaixado. 
Quando preferimos os desenhos monocromáticos, trabalhamos com emoções superficiais, a nível periférico; e quando utilizamos o colorido, lidamos com os profundos.
Não é necessária análise do desenho, e sim a análise da interpretação do indivíduo com relação ao feito.
 
2 Pintura 
Quando a pintura flui, fluem ali, emoções e sentimentos. A esfera afetivo emocional está mais abrangente, pois as pinceladas lembram o fluxo respiratório, a vida. As tintas geralmente utilizadas são: guache, aquarela, anilina, óleo, acrílica e nanquim.
A tinta guache exige maior controle de movimentos, libera emoções e incentiva a imaginação. 
A aquarela, devido a sua leveza, e o uso obrigatório da água, mobiliza ainda mais o lado afetivo. Indicada para pessoas muito racionais e com dificuldade afetiva. Contra indicada para deprimidos. 
Devido a dificuldade de fazer figuras por ser muito aguda, a anilina é ótima para pessoas que tem medo de perder o controle das coisas.
A tinta óleo, é recomendada para pessoas com depressão, pois possibilita maior equilíbrio da situação. 
O nanquim, quando puro é de fácil controle, mas exige agilidade e sensibilidade. Quando usado com água, é mais fluída, exigindo muito mais habilidade, atenção e concentração. 
Quanto mais expressão, mais auto -    conhecimento e mais autoconfiança. A pintura, assim como o desenho, pode ser livre, de cópia, ou dirigida.
Com a pintura, trabalha-se a estruturação e a área afetiva emocional, chegando ao equilíbrio das emoções. E quanto mais diluída for a tinta, mais emocional é o resultado.
 
3 Modelagem 
A modelagem pode ser feita com massa caseira, argila, cera de abelha, plasticina, papel machê e massa de modelar. 
O efeito da modelagem atua nas sensações físicas e viscerais, como também no sentimento e cognição. A técnica exige uma canalização de energia adequada, por partir do nada para a criação de algo podendo ser livre ou dirigida. 
A sensação de estar em contato com o barro, pode ser muito gratificante ou não. A argila age como transformadora, de um estado de desencontro para um estado de equilíbrio, podendo trazer à tona conflitos internos indesejáveis. Por ser moldável, integra o ser com o mundo exterior, mostrando-o que pode adaptar-se às situações, sendo fluida, recebe projeções e é dominada, favorecendo ao manipulador, a libertação das tensões, fadigas e depressões, pois é um material vivo e de ação calmante. 
No físico, trabalha questões ligadas a estruturação e coordenação motora. No emocional mobiliza sentimentos e emoções primitivas, para que possam ser conhecidas e trabalhadas.
Nos casos de negação e resistência à argila, oferta-se o papel machê ou a massa de farinha de trigo, pois de início não devemos forçar, e com a adaptação a estes recursos, aos poucos inclui-se o barro.
O papel machê é um material frio e viscoso, mas que também nos oferece retornos, pois podemos moldá-lo e criar, não chegando aos efeitos da argila, por não ser um produto natural primitivo.
A massa de farinha de trigo, é feita pelo próprio terapeuta, com ou sem ajuda do paciente, variando cores. E ao contrário do papel machê, é utilizada estando morna, para melhor manuseio. Em termos terapêuticos, pode levar os adultos, a recordações maternas, ou da infância. Proporciona também a capacidade criadora, auto-estima, catarse emocional, auto-confiança.

4 Sucata
O trabalho com a sucata estimula a reconstrução, a criatividade, as percepções, a atenção, a construção, a transformação, o concreto e a mudança.
É um material transformador, pois dá-se uma nova utilidade ao que antes era lixo. É a mudança através do concreto, é a busca de possibilidades de transformação e do reaproveitamento.
Por poder aliá-lo a pintura, a colagem e a modelagem, é uma atividade rica e complexa, que mobiliza o conteúdo interno, e já transforma-o, reaproveitando-o de forma benéfica. O terapeuta deve ficar atento, para que nenhum detalhe escape, pois é um trabalho de muita sutileza.
Materiais diversos devem ser utilizados ( plásticos, vidros, papéis, madeira, tecidos) de forma livre ou dirigida.

5 Colagem
É uma atividade estruturante que pode ser realizada com materiais diversos: recortes de revistas, jornais, pedaços de papéis coloridos, diversos grãos, serragem, cortiça, purpurina, tecidos...
Nesta atividade, o cliente busca nos materiais, idéias que possam expressar e comunicar seus sentimentos, emoções e idéias em relação ao tema. O planejamento, o direcionamento, e a atenção do paciente, ajudam na estruturação de sua vida.
É um recurso rico, pois o indivíduo planeja, analisa, fica atento, concentrado, organizado e paciente.
 
FONTE:
http://www.terapeutaocupacional.com.br/valmaterial.htm

domingo, 28 de agosto de 2011

XIX CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO JUNGUIANA E SIMPÓSIO I...

Maiores informações no link abaixo,

Arteterapia em São Paulo: XIX CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO JUNGUIANA E SIMPÓSIO I...: Entre os dias 8 a 11 de setembro de 2011 acontecerá o XIX Congresso da Associação Junguiana e Simpósio Internacional da Associação Junguiana...

domingo, 14 de agosto de 2011

O que é um conto de fadas?



"O que é um conto de fadas? Uma coisa nós sabemos, com certeza: conto de fadas não precisa ter fada. Claro que quase sempre tem - a fada madrinha da cinderela, por exemplo, ou as fadas que vão ao batizado da Bela adormecida. Mas não é obrigatório.
O que faz uma história ser um conto de fadas é aquele bocadinho de magia que atiça a imaginação e que pode estar numa abóbora que vira uma linda carruagem, num bicho que fala e realiza um desejo, num encantamento que transforma um belo príncipe em animal.
No mundo dos contos de fadas tudo pode acontecer.
Mas os contos de fadas vão além da fantasia: quase sempre nos ensinam que a bondade é premiada, enquanto a cobiça e o egoísmo são punidos.
antigamente, quando a maioria das pessoas não sabia ler e escrever, os contadores de histórias tinham um papel importante na vida delas. As histórias, a música e a dança eram as principais formas de diversão. E, embora hoje sejam vistos como histórias para crianças, os contos de fadas eram ouvidos e conhecidos por toda a comunidade.
Em todo o mundo os contos de fadas foram sendo transmitidos de geração a geração. Muitos tratam dos mesmos temas: o bem triunfa sobre o mal e as personagens principais são felies para sempre.
Quando as pessoas mais simples aprenderam a ler e escrever, as histórias tradicionais quase caíram no esquecimento. Graças a vários escritores que registraram essas histórias, os contos de fadas foram preservados e continuam encantando as crianças até hoje. Histórias como Cinderela e a Bela adormecida ainda conservam o fascínio que exerceram quando contadas pela primeira vez."
Texto extraído do Livro:
HOFFMAN, Mary. Meu primeiro livro de contos de fadas. São Paulo : Companhia das Letrinhas, 2008. p. 4-5.

Entendimento dos Símbolos ...


Fernando Pessoa

O entendimento dos símbolos e dos rituais (simbólicos) exige do intérprete que possua cinco qualidades ou condições, sem as quais os símbolos serão para ele mortos, e ele um morto para eles.

primeira é simpatia; não direi a primeira em tempo, mas a primeira conforme vou citando, e cito por graus de simplicidade. Têm o intérprete que sentir simpatia pelo símbolo que se propõe interpretar. A atitude cauta, a irônica, a deslocada - todas elas privam o intérprete da primeira condição para poder interpretar.

segunda é a intuição. A simpatia pode auxiliá-la, se ela já existe, porém não criá-la. Por intuição se entende aquela espécie de entendimento com que se sente o que está além do símbolo, sem que se veja.

terceira é a inteligência. A inteligência analisa, decompõe, reconstrói noutro nível o símbolo; tem, porém, que fazê-lo depois que, no fundo, é tudo o mesmo. Não direi erudição, como poderia no exame dos símbolos, é o de relacionar no alto o que está de acordo com a relação que está embaixo. Não poderá fazer isso se a simpatia não tiver lembrado essa relação, se a intuição não a tiver estabelecido. Então a inteligência, de discursiva que naturalmente é, se tornará analógica, e o símbolo poderá ser interpretado.

quarta é a compreensão, entendendo por esta palavra o conhecimento de outras matérias, que permitam que o símbolo seja iluminado por várias luzes, relacionado com vários outros símbolos, pois que, no fundo, é tudo o mesmo. Não direi erudição, como poderia ter dito, pois a erudição é uma soma; nem direi cultura, pois a cultura é em síntese; e a compreensão é uma vida. Assim, certos símbolos não podem ser bem entendidos se não houver antes, ou ao mesmo tempo, o entendimento de símbolos diferentes.

quinta é menos definível. Direi talvez, falando a uns, que é graça, falando a outros que é a mão do Superior Incógnito, falando a terceiros, que é o Conhecimento e Conversação do Anjo da Guarda, entendendo cada uma destas coisas, que são a mesma da maneira como as entendem aqueles que delas usam, falando ou escrevendo.



A Alma dos diferentes...



O mundo ainda não aprendeu a lidar com seres humanos diferentes da média.

Diferente é quem foi dotado de alguns mais e de alguns menos em hora, momento e lugar errado. Para os outros. Que riem de inveja de não serem assim. E de medo de não agüentarem, caso um dia venham a ser. O diferente é um ser sempre mais próximo da perfeição. Nunca é um chato. Mas é sempre confundido com ele por pessoas menos sensíveis e avisadas. Supondo encontrar um chato onde está diferente, talentos são rechaçados; vitórias são adiadas; esperanças são mortas. Um diferente medroso, este sim acaba transformando-se num chato. Chato é um diferente que não vingou. 

O diferente começa a sofrer cedo, desde o colégio, onde todos os demais de mãos dadas, e até mesmo alguns professores por omissão (principalmente os mais grossos), se unem para transformar o que é peculiaridade e potencial, em aleijão e caricatura. O que é percepção aguçada em "- puxa, fulano, como você é complicado". O que é o embrião de um estilo próprio em "- Você não está vendo como é que todo mundo faz?" 

O diferente carrega desde cedo apelidos e carimbos nos quais acaba se transformando. Só os diferentes mais fortes do que o mundo à sua volta se transformaram (e se transformam) nos seus grandes modificadores. 

Diferente é o que: chora onde outros xingam; quer, onde outros cansam; espera, de onde já não vem; sonha, entre realistas; concretiza, entre sonhadores; fala de leite em reunião de bêbados; cria, onde o hábito rotiniza; perde horas em coisas que só ele sabe importantes; diz sempre na hora de calar; cala sempre nas horas erradas; fala de amor no meio da guerra; deixa o adversário fazer o gol porque gosta mais de jogar que de ganhar; aprendeu a superar o riso, o deboche, o escárnio e a consciência dolorosa de que a média é má porque é igual; vê mais longe do que o consenso; sente antes dos demais começarem a perceber; se emociona enquanto todos em torno agridem e gargalham. 

A alma dos diferentes é feita de uma luz além. A estrela dos diferentes tem moradas deslumbrantes que eles guardam para os poucos capazes de os sentir e entender. Nessas moradas estão os maiores tesouros da ternura humana. De que só os diferentes são capazes. Jamais mexam com o sentimento de um diferente. Ele é sensível demais para ser conquistado sem que haja conseqüência com o ato de o conquistar. 
Artur da Távola.

domingo, 7 de agosto de 2011

Um conto maravilhoso.

Este me foi apresentado na aula passada no curso de Arteterapia, adorei e não podia deixar de compartilhar, é muito bom, uma verdadeira lição.


Fátima , a fiandeira (conto grego)
Este foi retirado do livro O violino cigano e outros contos de mulheres sábias.
Há muito tempo, num lugar muito distante daqui, havia um casal de fiandeiros que tinha uma filha chamada Fátima. Desde menina ela aprendeu com seus pais o ofício de fiar, e quando chegou aos dezoito anos era uma fiandeira de grande experiência. Chegou o dia em que seu pai foi fazer uma viagem pelas ilhas do mar Mediterrâneo e resolveu levar Fátima com ele.
_ Quem sabe – ele disse – no meio da viagem você poderá encontrar um bom moço para se casar, que seja de família honrada, que seja digno de você.
Fátima ficou feliz com o convite do pai e preparou-se para partir. Algum tempo depois ela estava num navio, com seu pai e uma tripulação bem treinada, rumo ao mar Mediterrâneo. Quando ancoravam em alguma ilha, o pai descia para fazer seus negócios. Enquanto isso Fátima ficava sentada num canto do navio, olhando o sol até que ele desaparecesse no horizonte, com o pensamento naquele moço, de família honrada e digno de se casar com ela, que ela poderia vir a conhecer.
Um dia, o céu começou a escurecer e densas nuvens provocaram uma tempestade terrível em alto-mar. O navio em que Fátima e seu pai viajavam foi aos poucos se tornando um brinquedo frágil levado pela fúria das ondas gigantes. Por mais valentes que fossem os marinheiros, eles não conseguiram dominar a força do mar assanhado pelo vento e pela chuva infernal. Depois de algum tempo de luta sem trégua, o navio foi engolido pela tormenta e todos a bordo morreram no mar, menos Fátima, que foi parar numa praia perto da cidade de Alexandria.
Quando ela acordou e abriu os olhos numa manhã de sol, demorou para se lembrar quem era até que se deu conta de tudo o que havia acontecido.Percebeu então que estava num lugar desconhecido, sozinha, e, antes que pudesse refazer-se, viu que umas pessoas se aproximavam. Era uma família de tecelões que moravam naquele lugar e estavam passando pela praia. Quando souberam sua história, convidaram-na para viver com eles em sua casa. Como não tivesse  para onde ir, ela aceitou e logo começou a aprender um novo ofício, a arte de tecer. Não passou muito tempo até que ela se tornasse uma excelente tecelã. Fátima estava tão feliz nesse trabalho que era como se tivesse se esquecido do terror pelo qual havia passado alguns anos antes.
Um dia, ao entardecer, Fátima caminhava pela praia, perdida em seus pensamentos, quando um navio de piratas ancorou ali, em busca de escravas para vender no mercado da cidade de Istambul. Assim que avistaram a jovem completamente distraída, com os olhos no crepúsculo, eles a prenderam e a levaram para o navio. Quando deu por si, Fátima estava outra vez navegando em alto-mar, sem saber para onde a levavam, até que um dia ela se viu num grande mercado, amarrada a um poste, à espera de um comprador. De novo ela estava sozinha, num lugar desconhecido, sem ter a menor idéia de qual seria seu destino dali pra frente. Com a cabeça baixa, abandonada à sua triste sorte, Fátima ouviu a voz de um homem que se aproximou dela. Era um fabricante de mastros de navio, que estava andando pelo mercado em busca de uma escrava para comprar para a mulher. Quando viu o ar desamparado de Fátima, resolveu comprá-la, pensando que assim ele poderia contribuir de alguma maneira para melhorar a sorte da jovem.
O homem levou Fátima com ele para sua casa, mas quando chegou lá, uma desgraça havia acontecido. Enquanto se ausentara, um bando de ladrões havia roubado todo o seu dinheiro, todos os seus bens. Agora ele não podia mais ter escrava nenhuma, e disse a Fátima que ela podia ir embora. Acontece que  a jovem tinha ficado muito agradecida porque o homem a tinha livrado dos piratas. Ela resolveu ficar morando com ele e a mulher, já que não tinha mesmo para onde ir. Logo passou a aprender um novo tipo de trabalho. Em pouco tempo ela conhecia tão bem a técnica de construir mastros de navio que pôde ajudar o homem a reconstruir sua fortuna. Ele lhe deu a liberdade e lhe propôs sociedade nos negócios, que iam cada vez melhor. Novamente Fátima se sentia feliz e deixou pra trás as lembranças duras do seu cativeiro e todas as difíceis perdas do passado.
Até que um dia o homem a chamou e pediu-lhe que levasse um carregamento de mastros para as distantes ilhas de Java, onde poderiam realizar um negócio extremamente vantajoso para eles, graças a alguns comerciantes locais seu conhecidos que estariam aguardando por ela.Um grande navio foi equipado e Fátima subiu a bordo junto com a tripulação, numa manhã ensolarada. Pode parecer inacreditável, mas o navio foi colhido por um furacão no meio da viagem e rapidamente afundou.
Quando acordou numa praia da costa chinesa, algum tempo depois. Fátima começou a se lembrar com muito custo do que havia acontecido com ela. Percebeu que mais uma vez estava só, num lugar estranho, entregue a seu destino. Então ela se desesperou e ficou se perguntando por que, toda vez que sua vida tomava um rumo, acontecia uma desgraça tão grande que a deixava sem nada. Ela não se conformava e não compreendia o sentido do seu caminho pelo mundo. Exasperada, ela andava pela praia de um lado para o outro, sem nenhuma resposta para suas indagações. Foi então que surgiu diante dela um arauto anunciando que se alguma mulher estrangeira estivesse ali naquele momento, deveria apresentar-se ao imperador. Isso porque muitos séculos atrás havia sido feita uma profecia que dizia que um dia uma mulher vinda de terras distantes faria uma tenda para o imperador. De tempos em tempos o imperador enviava seus arautos aos quatro cantos da China, para ver se a tal mulher havia chegado.
Quando Fátima ficou sabendo, por meio de um intérprete, o que o arauto estava dizendo, pediu para falar com o imperador.
Assim que a viu, o imperador perguntou-lhe sem muitos rodeios se ela seria capaz de fazer uma tenda.
_ Creio que sim – respondeu a jovem.
_ Muito bem, diga-me o que é necessário para iniciar seu trabalho – disse o imperador prontamente.
_ Bem, em primeiro lugar eu preciso de cordas que sejam bem resistentes – disse Fátima.
O imperador chamou seus serviçais e ordenou que providenciassem variados tipos de cordas para que a jovem pudesse escolher a mais adequada. Fátima examinou cuidadosamente as cordas que lhe foram trazidas, e achou que nenhuma delas era forte o suficiente para seu propósito. Foi então que ela se lembrou do tempo lá longe em que havia sido fiandeira, e logo lhe veio à memória sua antiga habilidade de fiar. Por isso ela pôde fiar as cordas de que precisava para fazer a tenda.
Quando as cordas ficaram prontas, o imperador perguntou:
_ Do que mais você precisa?
_ Agora eu necessito de um tecido especial, bem forte – respondeu Fátima.
O imperador apresentou-lhe telas e tecidos das mais diversas qualidades, mas ela não encontrou nada que lhe agradasse. Foi então que ela se lembrou do tempo lá longe em que havia sido tecelã, e logo lhe veio à memória sua antiga habilidade de tecer. Por isso ela pôde confeccionar a tela perfeita para realizar sua tenda.
_ E agora o que falta? – perguntou o imperador cada vez mais curiosos enquanto acompanhava os passos do trabalho.
_ Finalmente, preciso de stacas – respondeu Fátima.
Nada do que o imperador lhe trouxe serviu para os eu objetivo. Foi então que ela se lembrou do tempo recente em que havia sido fabricante d mastros de navio e, com grande habilidade, fabricou firmes estacas.
Depois de ter produzido com as próprias mãos os materiais necessários, Fátima só precisou se lembrar de todas as tendas que havia visto até então na sua vida, nos diversos lugares por onde tinha passado. Ela fez uma tenda magnífica para o imperador, que ficou completamente satisfeito com aquela maravilha.
_ Mulher – disse o imperador – você realizou a profecia que meu povo esperava há tantos séculos. Você pode pedir qualquer coisa como recompensa. O que  você desejar lhe será dado.
_ Eu não quero nada – respondeu Fátima. _ Meu único desejo é ficar morando aqui na China e recomeçar a minha vida. Eu não tenho ninguém no mundo e nenhum lugar para onde ir.
É claro que o imperador consentiu, e Fátima passou a viver na China.
Foi assim que depois de algum tempo ela conheceu um bom moço, de uma família honrada, digno de se casar com ela. Do grande amor que os uniu nasceram muitos filhos.
Fátima sempre contava sua história para os filhos e ao final ela dizia:
_ Tudo aquilo que aconteceu na minha vida, e que no momento me pareceu uma desgraça, contribuiu na realidade, para aminha felicidade final.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Geração ?????



Este texto nos leva a refletir, achei que caberia ser colocado aqui, pois se estamos procurando por um verdadeiro SER, precisamos saber lidar com estas questões, para poder ajudar as novas gerações a também conseguirem encontrar o seu verdadeiro SER.

Meu filho, você não merece nada
A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada.
Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.

Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.

Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.

Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.

Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.

É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?

Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.

Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.

A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.

Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.

Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.

Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.

Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.

O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.

Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.

Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.

Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.

Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.
ELIANE BRUM
Jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem.


domingo, 26 de junho de 2011

A idade de ser Feliz

Existe somente uma idade para a gente ser feliz.

Somente uma época na vida de cada pessoa em que é possível sonhar e fazer planos e ter energia bastante para realizá-los, a despeito de todas as dificuldade e obstáculos.

Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente e desfrutar tudo com toda intensidade sem medo nem culpa de sentir prazer.

Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida à nossa própria imagem e semelhança e vestir-se com todas as cores e experimentar todos os sabores.

Tempo de entusiasmo e coragem em que todo desafio é mais um convite à luta que a gente enfrenta com toda disposição de tentar algo novo, de novo e de novo, e quantas vezes for preciso.

Essa idade tão fugaz na vida da gente chama-se PRESENTE, também conhecida como AGORA ou JÁ e tem a duração do instante que passa...

Mário Quintana


Esta postagem a princípio era somente do meu blog pessoal, mas achei que deveria repetir na íntegra aqui, pois ela esta ligada a uma outra postagem que já coloquei aqui, sobre o tempo.E achei que se encaixa perfeitamente no Mundo Encantado da Arteterapia, pois este é um momento único, e o caminho que  deve ser vivido por todos que buscam ser Feliz!
 Não tem contra indicação.

domingo, 19 de junho de 2011

Encontros e Desencontros...dos nossos pensamentos...



PENSAR É TRANSGREDIR
Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos — para não morrermos soterrados na poeira da banalidade embora pareça que ainda estamos vivos. Mas compreendi, num lampejo: então é isso, então é assim. Apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais acomodada. Algumas vezes é preciso pegar o touro pelos chifres, mergulhar para depois ver o que acontece: porque a vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole bebido.Para reinventar-se é preciso pensar: isso aprendi muito cedo. Apalpar, no nevoeiro de quem somos, algo que pareça uma essência: isso, mais ou menos, sou eu. Isso é o que eu queria ser, acredito ser, quero me tornar ou já fui. Muita inquietação por baixo das águas do cotidiano. Mais cômodo seria ficar com o travesseiro sobre a cabeça e adotar o lema reconfortante: "Parar pra pensar, nem pensar!" O problema é que quando menos se espera ele chega, o sorrateiro pensamento que nos faz parar. Pode ser no meio do shopping, no trânsito, na frente da tevê ou do computador. Simplesmente escovando os dentes. Ou na do desafeto, do rancor, da lamúria, da hesitação e da resignação. Sem ter programado, a gente pára pra pensar. Pode ser um susto: como espiar de um berçário confortável para um corredor com mil possibilidades. Cada porta, uma escolha. Muitas vão se abrir para um nada ou para algum absurdo. Outras, para um jardim de promessas. Alguma, para a noite além da cerca. Hora de tirar os disfarces, aposentar as máscaras e reavaliar: reavaliar-se.Pensar pede audácia, pois refletir é transgredir a ordem do superficial que nos pressiona tanto. Somos demasiado frívolos: buscamos o atordoamento das mil distrações, corremos de um lado a outro achando que somos grandes cumpridores de tarefas. Quando o primeiro dever seria de vez em quando parar e analisar: quem a gente é, o que fazemos com a nossa vida, o tempo, os amores. E com as obrigações também, é claro, pois não temos sempre cinco anos de idade, quando a prioridade absoluta é dormir abraçado no urso de pelúcia e prosseguir, no sono, o sonho que afinal nessa idade ainda é a vida. Mas pensar não é apenas a ameaça de enfrentar a alma no espelho: é sair para as varandas de si mesmo e olhar em torno, e quem sabe finalmente respirar.Compreender: somos inquilinos de algo bem maior do que o nosso pequeno segredo individual. É o poderoso ciclo da existência. Nele todos os desastres e toda a beleza têm significado como fases de um processo. Se nos escondermos num canto escuro abafando nossos questionamentos, não escutaremos o rumor do vento nas árvores do mundo. Nem compreenderemos que o prato das inevitáveis perdas pode pesar menos do que o dos possíveis ganhos. Os ganhos ou os danos dependem da perspectiva e possibilidades de quem vai tecendo a sua história. O mundo em si não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui identidade, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem. Viver, como talvez morrer, é recriar-se: a vida não está aí apenas para ser suportada nem vivida, mas elaborada. Eventualmente reprogramada. Conscientemente executada. Muitas vezes, ousada.  Parece fácil: "escrever a respeito das coisas é fácil", já me disseram. Eu sei. Mas não é preciso realizar nada de espetacular, nem desejar nada excepcional. Não é preciso nem mesmo ser brilhante, importante, admirado. Para viver de verdade, pensando e repensando a existência, para que ela valha a pena, é preciso ser amado; e amar; e amar-se. Ter esperança; qualquer esperança.Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas mas sem demasiada sensatez. Saborear o bom, mas aqui e ali enfrentar o ruim. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si mesmo e à possível dignidade. Sonhar, porque se desistimos disso apaga-se a última claridade e nada mais valerá a pena. Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for. E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que afinal se conseguiu fazer.

sábado, 18 de junho de 2011

" OS MITOS SÃO SONHOS PÚBLICOS : OS SONHOS SÃO MITOS PRIVADOS"
                                                                                        Joseph Campbell

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Uma homenagem ao amor.


O que as mulheres desejam acima de tudo? ( Gawain e Lady Ragnell)


Um dia, o rei Artur estava caçando um grande veado branco nas cercanias do bosque de carvalhos quando ergueu os olhos e se viu confrontado por um chefe guerreiro alto forte, brandindo a espada e dando a impressão de que ia abater o rei ali mesmo. Este homem era Groiner, que disse estar querendo vingar-se pela perda de parte de suas terras ao norte para Artur. Como Artur estava desarmado, Sir Gromer demonstrou compaixão e deu ao rei uma chance de salvar sua vida.

Gromer lançou um desafio: o rei tinha um ano para voltar desarmado àquele lugar com a resposta para a pergunta: O que as mulheres desejam acima de tudo?

Se Artur respondesse à pergunta corretamente, sua vida seria poupada; caso contrário, sua cabeça seria cortada.
Quase um ano se passou e Artur e Gawain reuniram muitas respostas, mas nenhuma soava verdadeira. O dia marcado estava se aproximando, e numa manhã Artur saiu cavalgando sozinho no meio das urzes roxas e dos tojos dourados, totalmente absorto em seus problemas. Ao aproximar-se do bosque de carvalhos, viu-se subitamente diante de uma mulher grande e grotesca, coberta de verrugas e quase tão larga quanto alta.


Os olhos dela o contemplaram destemidamente e ela declarou:
— O senhor é Artur, o rei, e dentro de dois dias terá que se encontrar com Sir Gromer com uma resposta para uma pergunta.

— É verdade — respondeu Artur hesitante —, mas como é que sabe disso?

— Eu sou Lady Ragnell e Sir Gromer é meu meio-irmão. O senhor não sabe a resposta certa, sabe?

— Tenho muitas respostas, e não sei o que a senhora tem a ver com isto — respondeu Artur, puxando as rédeas para se virar e voltar para casa.

— O senhor não sabe a resposta certa — disse Ragnell com uma confiança que deixou Artur desanimado. — Eu tenho a resposta.

Artur virou-se e saltou do cavalo.
— Diga-me a resposta e eu lhe darei um saco cheio de ouro.


— Não preciso de seu ouro - respondeu Ragnell calmamente.
— Bobagem, mulher, você poderá comprar o que quiser com ele! O que você quer, então? Jóias? Terras? O que quiser eu pagarei. Isto é, se você souber a resposta certa.

— Eu sei a resposta. Isto eu posso garantir — respondeu Ragnell. Após uma pequena pausa, ela acrescentou: — Em troca, exijo que Sir Gawain se torne meu marido.

Artur abriu a boca de espanto.
— Impossível! — gritou. — Você pede o impossível, mulher. Eu não posso dar-lhe o meu sobrinho. Ele é dono de si mesmo, não pertence a mim para que eu o dê.

— Eu não pedi ao senhor que me desse o cavaleiro Gawain. Se Gawain concordar em se casar comigo por livre e espontânea vontade, então eu lhe direi a resposta. São estas as minhas condições.

— Condições! Que direito você tem de estabelecer condições para mim é impossível! Eu jamais poderia apresentar esta proposta para ele.

Ragnell ficou olhando calmamente para o rei e disse apenas:

— Se mudar de idéia, estarei aqui amanhã. — E desapareceu no bosque.

Abalado com aquele estranho encontro, Artur cavalgou lentamente de volta para casa pensando consigo mesmo que jamais poderia falar daquele assunto com Gawain. Aquela mulher repugnante! Como ousava pedir para se casar com o melhor dos cavaleiros! Mas o ar da tarde estava ameno e o encontro fatídico com Gromer deixou Artur impressionado. Ao retornar ao castelo, Artur viu-se contando ao sobrinho sobre sua aventura, e concluiu:
— Ela sabe a resposta, eu tenho certeza disso, mas eu não pretendia contar nada a você.

Gawain sorriu docemente, sem saber ainda qual era a proposta de Ragnell.
— Mas esta é uma boa notícia, tio. Por que o senhor está tão desanimado?

Evitando encarar o sobrinho, o rei contou qual era a exigência de Ragnell, junto com uma descrição detalhada de seu rosto grotesco, de sua pele cheia de verrugas e seu tamanho avantajado.

— Que bom que eu posso salvar a sua vida! — respondeu Gawain imediatamente. Sem dar ouvidos aos protestos do tio, Gawain declarou: — É minha escolha e minha decisão. Vou voltar lá com o senhor amanhã e concordar com o casamento, desde que a resposta dela salve a sua vida.

Bem cedo na manhã seguinte Gawain saiu a cavalo com Artur para encontrar Lady Ragnell. Mesmo vendo-a cara a cara, Gawain manteve-se inabalável em sua decisão. A proposta dela foi aceita e Gawain fez uma reverência graciosa para ela.

— Se amanhã a sua resposta salvar a vida do rei, nós nos casaremos.

Na manhã fatídica, Gawain cavalgou até metade do caminho com Artur, que assegurou ao cavaleiro que iria tentar todas as outras respostas primeiro. O guerreiro alto e forte estava esperando por Artur, com sua espada brilhando ao sol. À medida que Artur ia recitando uma resposta depois da outra, Gromer gritava:

— Não! Não! Não! — até que finalmente ele ergueu a espada acima da cabeça.

— Espere! — gritou o rei. — Eu tenho mais uma resposta. O que uma mulher deseja acima de tudo é o poder de soberania, o direito de exercer o seu livre-arbítrio.

Com uma imprecação de raiva, Gromer jogou a espada no chão.
— Você não descobriu a resposta sozinho! Minha maldita meia-irmã foi quem lhe contou! Vou decepar a cabeça dela. Vou atravessá-la com a minha espada! — Virou-se e voltou para a floresta, deixando uma torrente de imprecações atrás de si.

Artur voltou para o local onde Gawain esperava junto de Lady Ragnell. Os três cavalgaram de volta para o castelo em silêncio. Só Ragnell parecia bem humorada. A notícia de que iria ocorrer um estranho casamento entre uma megera horrorosa e o magnífico Gawain espalhou-se rapidamente pelo castelo. Ninguém conseguia imaginar o que havia convencido Gawain a se casar com aquela criatura.

Alguns achavam que ela devia possuir grandes terras e propriedades. Outros acreditavam que ela devia ter usado alguma magia secreta. A maioria estava simplesmente estarrecida com o destino do pobre Gawain.

O rei Artur falou reservadamente com o sobrinho.
— Nós poderíamos propor um adiamento — disse ele.
— Dei a ela a minha palavra, tio. O senhor gostaria que eu quebrasse uma promessa? — respondeu Gawain.

Assim, o casamento aconteceu na abadia, e a estranha festa de casamento foi assistida por toda a corte. Durante todo aquele longo dia e aquela longa noite, Gawain permaneceu simpático e cortês. Não demonstrou nada além de uma atenção gentil para com a sua noiva.

Finalmente, o casal se retirou para os seus aposentos.
— Você se manteve fiel à sua promessa — observou Ragnell. —Você não demonstrou nem piedade nem repulsa para comigo. Agora que estamos casados, venha beijar-me.

Gawain se aproximou imediatamente dela e a beijou. Quando se afastou, viu diante de si uma linda e serena mulher, de olhos cinzentos e rosto sorridente. Seus cabelos se eriçaram com o choque, e ele deu um pulo para trás.

— Que espécie de feitiçaria é esta? Ragnell respondeu:

— Você me prefere assim? — lentamente deu uma volta em torno dele.

— É claro que sim, mas não compreendo — gaguejou Gawain, confuso e assustado.

— Meu meio-irmão, Gromer, sempre me detestou. Ele aprendeu truques de feitiçaria com a mãe dele e usou-os para me transformar numa megera horrorosa.

Ordenou que eu vivesse com este corpo até que o melhor cavaleiro da Bretanha me escolhesse como esposa.

— Mas por que ele a odiava tanto? - perguntou Gawain. Com um sorriso nos lábios, Ragnell respondeu:

— Ele me achava atrevida e pouco feminina, porque eu me recusava a aceitar as ordens dele, tanto em relação à minha propriedade quanto à minha pessoa.

Com grande admiração, Gawain disse:
— Então você conseguiu o impossível e o feitiço dele foi quebrado!

— Só em parte, meu querido Gawain. — Ela o encarou com firmeza. — Você pode escolher como eu vou ser. Você quer que eu fique assim, com o meu próprio corpo, à noite em nosso quarto? Ou me quer grotesca à noite no nosso quarto e com o meu próprio corpo de dia no castelo? Bonita de dia ou bonita à noite, pense bem antes de responder.

Gawain ajoelhou-se diante da noiva e respondeu imediatamente.
— Esta é uma escolha que eu não posso fazer. Diz respeito a você, minha querida Ragnell, e só você pode escolher. O que quer que você escolha, eu a apoiarei.

Ragnell soltou um longo suspiro. A alegria em seu rosto deixou-o encantado.
— Você respondeu bem, meu querido Gawain. Sua resposta quebrou completamente o feitiço de Gromer. A última condição que ele impôs foi que, depois do casamento, o maior dos cavaleiros da Bretanha, meu marido, deveria dar-me o poder do exercício da soberania, o direito de exercer o meu livre arbítrio.

Só então o terrível feitiço seria quebrado para sempre.

E assim, com muito encantamento e alegria, começou o casamento de Sir Gawain e Lady Ragnell.

Referência: Bruxas e Heróis - Uma abordagem feminista na terapia junguiana de casais. Polly Young-Eisendrath. (1995)
www.pensarelucidar.blogspot.com